O que causa gordura no fígado? Descubra essa e outras informações importantes sobre esse problema de saúde pública cada vez mais frequente!
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Você provavelmente já ouviu falar em gordura no fígado. A doença tem se tornado cada vez mais comum — em parte porque os médicos estão solicitando ultrassonografias de abdômen com mais frequência e, consequentemente, conseguem diagnosticá-la com mais facilidade. Outro motivo seria o aumento da obesidade na população.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), a gordura no fígado acomete um em cada três pacientes adultos. Além disso, o número de crianças e adolescentes acometidos tem crescido devido ao sedentarismo e à má alimentação.
Essas circunstâncias a tornam um problema de saúde pública, especialmente porque os principais fatores a ela associados — obesidade e diabetes, por exemplo — continuam crescendo em todo o mundo.
Ficou interessado? Acompanhe o texto até o final e descubra quem pode desenvolver gordura no fígado, se a patologia tem cura e quais os fatores de risco associados a ela.
O que é gordura no fígado?
Clinicamente conhecida como esteatose hepática, a gordura no fígado é um distúrbio provocado pelo acúmulo de gordura no interior dos hepatócitos — nome dado às células do fígado.
A doença ocorre quando o fígado é invadido por uma grande quantidade de gordura, que substitui parte do tecido hepático saudável preenchendo células e espaços. Como resultado, o órgão fica volumoso e mais pesado.
Se não tratada ou controlada, a gordura no fígado pode causar inflamação, que leva à morte celular e a um processo de fibrose (cicatrização). Com o passar dos anos, a patologia pode progredir para quadros mais graves, como cirrose hepática e câncer de fígado.
Conforme o Ministério da Saúde, a condição é cada vez mais comum e também pode se manifestar ao longo da infância. A estimativa é que 30% da população sofra com o problema.
Além disso, aproximadamente 50% dos portadores podem apresentar quadros de evolução da doença para suas formas mais graves.
Quais são as causas e fatores de risco?
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Segundo a SBH e o Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), o acúmulo de gordura hepática pode ser causado por alterações do metabolismo ou ser uma resposta do órgão a uma agressão ao seu funcionamento.
Isso significa que ela pode ser um sinal de uma doença própria do fígado, como hepatite C, ou indício de seu acúmulo devido a patologias metabólicas, como obesidade, síndrome metabólica e diabetes.
A gordura no fígado é considerada de causa alcoólica quando é provocada pelo consumo excessivo de álcool. Vamos explicar como funciona.
O fígado metaboliza as moléculas de etanol para eliminar a substância do organismo. Contudo, quando essa dose é muita alta ou ingerida em um curto período de tempo, os subprodutos desse processo, que são tóxicos para as células hepáticas, ficam concentrados. No decorrer do tempo, o dano passa a interferir nas funções do órgão.
Já quando a doença tem causa não alcoólica, ela é provocada principalmente por má alimentação, sobrepeso, obesidade, sedentarismo, diabetes, colesterol e triglicérides alto, bem como por perda ou ganho muito rápido de peso.
Além disso, pode ser causada também pelo uso de certos medicamentos — como hormônios e corticoides — ou por inflamações crônicas associadas à hepatite C e outras doenças.
Como são os sintomas?
É muito importante saber que a maioria dos casos de gordura no fígado não apresenta sintomas. De modo geral, esse quadro só gera algum sinal quando o dano ao fígado já é muito grave.
A condição, portanto, é silenciosa e só é identificada em exames de rotina. Num primeiro momento, os sinais e sintomas mais comuns são:
- desconforto do lado direito superior do abdômen;
- aumento do fígado;
- perda de apetite;
- fraqueza;
- cansaço;
- fadiga;
- dor.
Já nos estágios mais avançados de inflamação (esteato-hepatite), fibrose e cirrose, as manifestações podem incluir:
- ascite (acúmulo anormal de líquido dentro da cavidade abdominal);
- icterícia (pele e olhos amarelados);
- encefalopatia e confusão mental;
- fezes esbranquiçadas;
- alterações do sono;
- hemorragias.
É preciso estar atento, ainda, a uma das consequências possíveis da cirrose. A chamada hipertensão portal tem como sintomas complicações neurológicas, mudanças na coagulação, inchaço dos membros inferiores, presença de varizes no esôfago e hemorragias.
Como é feito o diagnóstico de gordura no fígado?
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De acordo com a SBH, nas fases iniciais o diagnóstico de gordura no fígado não alcoólica é feito por meio de exames de rotina laboratoriais ou de imagem.
Uma vez detectada a alteração, é preciso estabelecer o diagnóstico diferencial em relação a outras hepatites, doenças autoimunes ou genéticas.
Esse exame pode ser solicitado quando o profissional identifica um ou mais fatores de risco. Para completar o diagnóstico, o médico busca conhecer o histórico do paciente, avaliar peso, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial e circunferência abdominal.
Além disso, exames laboratoriais podem ser pedidos para análise dos níveis de colesterol, triglicérides, glicose e insulina.
Outros exames de imagem, como ressonância magnética, tomografia, e elastografia hepática (procedimento similar a ultrassonografia), podem ajudar a confirmar o diagnóstico.
Existe tratamento?
O combate ao problema envolve, especialmente, mudanças no estilo de vida. Isso porque não existe um tratamento específico para o fígado com excesso de gordura.
Ele é determinado conforme as causas da doença e baseia-se em três pilares:
- prática regular de exercícios físicos;
- alimentação equilibrada;
- estilo de vida saudável.
Essas medidas ajudam a controlar os níveis de colesterol e triglicérides, a resistência à insulina, o excesso de peso e a pressão arterial.
É importante que o consumo de álcool seja evitado, mesmo que não seja a principal causa do problema, já que a bebida sobrecarrega o fígado e contribui para a obesidade.
Quando a doença é causada por medicamentos, é preciso avaliar o custo-benefício e estudar a possibilidade de substituição. No caso de esteroides anabolizantes, seu uso deve ser interrompido. Já quando é detectada gordura no fígado associada a outras doenças, como ovário policístico ou hipotireoidismo, essas condições devem ser tratadas adequadamente.
É possível prevenir a gordura no fígado?
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Conforme recomendações do Ministério da Saúde e da SBH, algumas medidas são as principais aliadas para o bem do fígado, indispensáveis para prevenir o acúmulo de gordura no órgão ou para reverter o quadro já instalado. Elas incluem:
- consultas médicas regulares;
- atenção às medidas da circunferência abdominal;
- manutenção de peso dentro dos padrões ideais para altura e idade, mas sem recorrer a dietas radicais, que
- provocam emagrecimento rápido, piorando o quadro;
- consumo moderado de bebidas alcoólicas;
- restrição de consumo dos carboidratos refinados e das gorduras saturadas;
Além disso, é importante dormir bem, manter os níveis de vitamina D em dia e evitar estresse e trabalho excessivo.
Qualquer pessoa pode desenvolver a doença?
Qualquer pessoa pode desenvolver gordura no fígado, desde que apresente os fatores de causa da doença.
Ela ocorre devido a uma combinação entre genética e outras variáveis, como uso crônico de álcool, diabetes, aumento de triglicérides, colesterol alto, uso de certos medicamentos, hepatite crônica B e C e certas hepatopatias autoimunes.
É importante enfatizar que o estilo de vida é um fator importante para o surgimento da condição. Assim, alimentação desregrada, uso abusivo de álcool, tabagismo e sedentarismo são vilões que merecem atenção redobrada.
A gordura no fígado pode ressurgir?
Como a patologia tem diversas causas, ela pode reaparecer quando as circunstâncias forem propícias. Sendo assim, é preciso manter as recomendações de prevenção mesmo após sanados os problemas e sintomas.
O acompanhamento médico regular junto aos exames de rotina também é fundamental para monitorar a saúde do fígado e ajustar estilo de vida, medicamentos, alimentação e hábitos de exercícios físicos ao longo da vida.
Fígado com gordura é porta de entrada para outras doenças?
Sim. Em seus estágios mais graves, a condição pode evoluir para cirrose hepática e câncer de fígado.
Como a doença pode evoluir?
Segundo a SBH, a maior parte das pessoas com gordura no fígado tem uma alteração estável no órgão, que pode regredir desde que o problema metabólico seja sanado ou controlado.
No entanto, até 30% desses indivíduos podem apresentar evolução do quadro para uma doença conhecida como esteato-hepatite (inflamação do fígado que acarreta lesão inflamatória nos hepatócitos).
Essa doença pode progredir de maneira gradativa. Ao longo dos anos, é capaz de levar à cirrose hepática e, com menos frequência, ao câncer.
Manter a saúde do fígado é essencial
O fígado é um órgão essencial para a qualidade de vida. Contudo, suas doenças são silenciosas — o ideal é procurar um especialista antes dos primeiros sintomas surgirem.
A Dra Raquel Scherer de Fraga é médica especialista em hepatologia pronta para atender pacientes com esteatose e outras patologias do fígado. Entre em contato e marque sua consulta.