Hábitos de higiene, saneamento básico e vacinação são medidas importantes no combate à Hepatite A
Foto: ksandrphoto/Freepik
As hepatites virais são doenças do fígado que atingem o órgão e podem causar impactos leves, moderados ou graves ao organismo. Geralmente, são doenças silenciosas que podem permanecer anos sem apresentar sinais ou sintomas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, os casos de hepatite A se concentra no Norte e no Nordeste. Juntas, essas regiões reúnem 55,7% de todos os casos confirmados entre 1999 e 2018. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, por sua vez, abrangem, respectivamente, 17,7%, 15,4% e 11,2% dos casos do país.
Medidas básicas de higiene e melhorias na estrutura de saneamento contribuem para a prevenção da doença. Além disso, a vacina também é um meio eficaz de prevenção da hepatite A.
Conheça o que é a doença, seus principais sintomas e saiba como acontece a transmissão e os possíveis tratamentos para o problema.
O que é Hepatite A?
É uma infecção provocada pelo vírus A da hepatite (HAV), popularmente conhecida como “hepatite infecciosa”. O vírus replica-se no fígado, é excretado na bile e depois eliminado nas fezes.
O HAV interfere na função hepática e desencadeia uma resposta imune, levando à inflamação no fígado.
De acordo com cartilha da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), a incidência de hepatite A no Brasil é maior em crianças menores de dez anos de idade. Os casos nessa faixa etária correspondem a 55% de todos os quadros notificados no país entre 2003 e 2018.
Formas de transmissão
Foto: Freepik
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão da hepatite A ocorre pela via fecal-oral, ou seja, por meio do contato de fezes com a boca. Assim, a doença tem estreita relação com:
- alimentos ou água não seguros para consumo;
- baixos níveis de saneamento básico;
- baixos níveis de higiene pessoal.
Outras formas de transmissão podem acontecer a partir de contatos pessoais próximos, entre pessoas em situação de rua, moradores da mesma casa ou entre crianças em creches. Além disso, apesar de raro, contatos sexuais, especialmente práticas de sexo oral-anal também pode ser vias de transmissão.
A transmissão é facilitada devido à estabilidade do HAV no meio ambiente e à grande quantidade de vírus presente nas fezes das pessoas infectadas. Crianças, por exemplo, podem manter a eliminação viral até cinco meses depois da resolução clínica da doença.
Sintomas
Como enfatiza a SBH, a infecção por hepatite A costuma ser assintomática ou se manifestar por sinais comuns a outras viroses, como:
- febre;
- diarreia;
- vômitos;
- dor de cabeça;
- enjoos.
Os pacientes também podem apresentar olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura e dor abdominal.
Essa é uma doença autolimitada, mas, eventualmente, pode apresentar um curso agudo prolongado de até 6 meses de evolução. A sintomatologia, de modo geral, intensifica-se com a idade.
São raros os quadros que evoluem para a forma fulminante, com necessidade de transplante de fígado e não existe evolução para hepatite crônica ou cirrose.
Prevenção e vacinas
Foto: user6344460/Freepik
As principais maneiras de prevenção são a vacinação, a melhoria da rede de saneamento básico e a adoção de hábitos de higiene. Confira as recomendações do Ministério da Saúde:
- Lavar as mãos com frequência;
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos consumidos crus;
- Cozinhar bem os alimentos, principalmente mariscos, frutos-do-mar e peixes;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- Adotar medidas rigorosas de higiene em creches, pré-escolas e restaurantes;
- Não entrar em valões, riachos, chafarizes, enchentes;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
- Usar preservativos e higienizar as mãos, genitália e região anal antes e depois das relações sexuais;
- Higienizar vibradores, plugs anais e vaginais e outros acessórios eróticos.
Atualmente, a vacina contra hepatite A faz parte do calendário infantil, no esquema de uma dose aos 15 meses de idade. Ela pode ser utilizada a partir dos 12 meses e até antes de completar 5 anos de idade.
É importante que os pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos para garantir a imunização de todas as crianças.
A vacina é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (Sus) para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos nas Unidades Básicas de Saúde. Já nos serviços privados de vacinação, a imunização é feita em crianças a partir de 12 meses, adolescentes e adultos.
Além disso, a imunização está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pessoas com algumas condições clínicas de risco para a hepatite A.
Quais são as consequências da Hepatite A?
Trata-se de uma doença de caráter benigno, na maioria dos casos. O curso sintomático e a letalidade da doença, contudo, aumentam com a idade.
É importante fazer o diagnóstico – por meio de exame de sangue – para que os cuidados e o tratamento mais adequado sejam prescritos ao paciente.
Outras doenças decorrentes, sequelas e reincidência
A hepatite A, na maioria das vezes, faz seu curso sem causar outras doenças, grandes problemas ou deixar sequelas.
Após a infecção e a evolução da doença para a cura, os anticorpos produzidos impedem uma nova infecção, produzindo uma imunidade duradoura. Isso significa que, quem teve hepatite A uma vez, raramente terá a mesma doença de novo.
Como é o tratamento para Hepatite A?
Conforme enfatizado pela pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Lia Lewis, em entrevista à imprensa, não existem, especificamente, tratamentos para hepatite A. A cura costuma acontecer de forma espontânea.
Esse tipo de doença apresenta somente formas agudas de hepatite, ou seja, o paciente pode se recuperar completamente e eliminar o vírus de seu organismo.
As orientações médicas, que contribuem para prevenir quadros graves, incluem manter uma dieta balanceada, evitar a automedicação e repor fluidos, em casos de sintomas como vômitos e diarreia.