As hepatites são inflamações no fígado que podem ser causadas por vírus, bactérias ou pelo consumo excessivo de produtos tóxicos, como álcool ou medicamentos.
Algumas podem se tornar crônicas, levando a outras doenças, como cirrose e câncer, extremamente graves e preocupantes.
E é por isso que foi criado o julho amarelo. A campanha tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e do tratamento das hepatites virais.
Você já ouviu falar sobre o julho amarelo? Que tal descobrir mais sobre ele e sobre como se proteger dos diferentes tipos de inflamação no fígado?
Acompanhe o conteúdo e descubra mais informações com a gente!
O que é o Julho Amarelo?
Julho Amarelo é uma campanha instituída por lei no Brasil e serve como alerta para prevenção, diagnóstico e tratamento das inflamações do fígado causadas por vírus.
Criada em 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ela tem o objetivo de conscientizar e alertar a população para que se previna e se vacine contra os vírus que atacam o fígado.
Mas foi a partir de 2019 que ela foi instituída como lei aqui no Brasil, mais propriamente pela lei de nº 13.802 que estabelece julho como mês oficial para realizar ações relacionadas à luta contra as infecções virais.
Segundo a Organização Americana de Saúde (OPAS), cerca de 1 milhão de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência das hepatites virais e 3 milhões de pessoas são infectadas anualmente.
A cor amarela da campanha foi escolhida devido ao típico amarelão na pele, característico de doenças do fígado.
No vídeo a seguir, a Dra. Raquel Scherer explica mais sobre o significado do julho amarelo. Confira!
Quais são as hepatites virais?
Existem três principais tipos de hepatites virais: A, B e C. Elas costumam ser assintomáticas e o diagnóstico é feito por meio de exames de sangue.
Já os vírus D e E são menos frequentes no Brasil.
O grande problema das doenças que atacam o fígado é que elas são doenças silenciosas, e não dão sinal de imediato, pelo contrário.
Quando elas começam a dar sinais, a doença pode estar mais avançada e causar problemas de saúde mais sérios.
– Hepatite A
É transmitida por via fecal-oral, pelo consumo de alimentos, talheres e copos contaminados.
Está entre um dos vírus menos preocupantes, pois é uma infecção leve que se cura sozinha.
Apesar de raro, a hepatite A pode evoluir para hepatite fulminante, sendo, por isso, muito importante a vacinação universal. Paciente com uma doença hepática crônica são de maior risco de uma evolução ruim, sendo especialmente suscetíveis à forma fulminante da hepatite A.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina para crianças entre 15 meses e 5 anos de idade.
– Hepatite B
Tanto o tipo B quanto o tipo C do vírus, são os que mais preocupam autoridades e médicos, pois oferecem maior risco de cirrose e câncer de fígado.
A transmissão ocorre por meio de relações sexuais, objetos perfuro-cortantes que contenham sangue contaminado ou de mãe para filho.
O calendário vacinal das crianças também contém a vacina para a doença, mas a proteção pode ser aplicada em qualquer idade.
Apesar de não existir cura para essa doença, ela pode ser controlada por meio de tratamento e o risco de complicações é bastante reduzido.
– Hepatite C
A contaminação pelo vírus da hepatite C acontece principalmente por meio de sangue contaminado. Transmissões de mãe para filho ou por relações sexuais podem ocorrer, mas as chances são inferiores a 15%.
De acordo com a médica hepatologista e doutora em Gastroenterologia Raquel Scherer de Fraga, a Hepatite C foi uma das doenças cujo tratamento mais evoluiu nos últimos 20 anos.
“Surgiram medicamentos altamente eficazes e com um perfil de segurança muito bom, ou seja, com poucos efeitos adversos”, afirma a especialista.
Raquel destaca que atualmente as chances de cura estão próximas a 100% dos casos.
“O novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Hepatites Virais contempla tratamento para todos os pacientes pelo SUS (Sistema Único de Saúde), independente do grau de lesão hepática”, explica a médica.
Ainda não existe vacina para o tipo C da doença, por isso, a prevenção é ainda mais recomendada.
– Hepatite D
É causada pelo vírus HDV, mas o desenvolvimento da doença tem relação com o vírus da hepatite B.
As formas de transmissão da doença são iguais as do tipo B, ou seja, por meio de relações sexuais desprotegidas, de mãe para filho no parto e pelo compartilhamento de materiais perfurocortantes.
– Hepatite E
É uma infecção aguda e de curta duração, que dura em torno de 2 a 6 semanas.
Ela é transmitida via oral-fecal, por meio da ingestão de carne mal cozida de animais infectados e também da mãe para o bebê.
Quando se desenvolve em grávidas, ela se torna mais perigosa, pois pode causar a hepatite fulminante, risco de insuficiência hepática aguda, perda fetal e mortalidade.
A importância da conscientização das hepatites virais
As doenças hepáticas causadas por esses vírus são causa de grande preocupação no mundo, em grande parte porque são doenças silenciosas e, se não tratadas e prevenidas, podem ser também fatais.
E a informação é uma das melhores formas de prevenção. Isso porque existe vacina para alguns tipos da doença e mesmo para os vírus que a vacina não está disponível há formas de prevenção.
De acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais de 2021, do Ministério da Saúde, os vírus do tipo B e C são as principais causas de doença hepática crônica, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular.
De 2000 a 2019, foram identificados no Brasil, 78.642 óbitos por causas básicas associadas aos vírus dos tipos A, B, C e D. Confira no gráfico abaixo:
O objetivo da OMS juntamente à OPAS é eliminar as doenças causadas pelo vírus B e C até 2030. E o julho amarelo é determinante para o sucesso da campanha.
Como se prevenir contra as hepatites virais?
As hepatites A e B podem ser prevenidas com vacinas, que estão disponíveis na rede pública de saúde e fazem parte do calendário de vacinação infantil.
Mas além disso, temos também outras formas de prevenção, como destacam as campanhas de julho amarelo:
- não compartilhar objetos pessoais de qualquer tipo com outras pessoas, principalmente os perfurocortantes;
- lavar bem alimentos e não ingerir carne mal passada;
- usar preservativo nas relações sexuais;
- realizar os exames no pré-natal (mulheres grávidas);
- manter a higiene em dia e lavar as mãos com frequência;
- beber água tratada.
Como é o diagnóstico das hepatites virais?
Para diagnóstico das inflamações hepáticas causadas por vírus podem ser solicitados exames sangue e sorologia capazes de identificar o tipo de vírus causador.
Também podem ser pedidos exames que determinam o funcionamento do fígado, tais como as transaminases AST e ALT.
Como posso te ajudar?
Como as doenças do fígado são silenciosas, na maior parte das vezes, um acompanhamento médico com um hepatologista é muito importante.
Exames de rotina podem ajudar a detectar os diferentes tipos da doença, por isso, fique atento, especialmente se você for do grupo de risco, no qual se encaixam:
- pessoas com múltiplos parceiros sexuais;
- quem tem histórico com outras doenças sexuais transmissíveis;
- pessoas que usam ou já usaram drogas injetáveis;
- indivíduos que usaram medicamentos intravenosos nas décadas de 1970 e 1980;
- filhos de mães contaminadas, entre outros.
Em caso de necessidade, agende a sua consulta!
Conclusão
A campanha do julho amarelo tem uma importância gigantesca na sociedade, afinal, estamos tratando de vírus contagiosos e que são uma epidemia em vários lugares do mundo.
Ela visa a proteção contra as inflamações causadas pelos vírus do tipo A, B, C, e D que atingem o fígado e podem ter consequências sérias se não tratadas.
A prevenção e a informação são os caminhos mais seguros para chegarmos a 2030 livres das hepatites, como é a meta da OMS.
Aqui no blog estamos sempre trazendo informações importantes sobre o fígado e como se proteger das doenças que podem atingir o órgão. Não deixe de acompanhar!