As doenças autoimunes acontecem quando o próprio organismo ataca células saudáveis do corpo.
No caso da hepatite autoimune, as células atacadas são as do fígado, causando inflamação e perda de função quando não tratada.
A doença é rara, mas tem tratamento e costuma ocorrer mais comumente em mulheres jovens. A incidência em mulheres é três vezes maior do que em homens.
Mas afinal, a doença tem cura? É possível tratar e viver de forma saudável com ela?
Neste texto, nós vamos te contar as principais informações sobre o assunto. Vem com a gente!
O que é hepatite autoimune?
A hepatite autoimune é uma inflamação que ocorre quando o próprio sistema imunológico do organismo começa a atacar as células do fígado.
Chamamos de hepatite qualquer inflamação no fígado. Já autoimune diz respeito a um mau funcionamento do sistema imunológico que passa a atacar células saudáveis do corpo, neste caso do fígado.
Essa doença crônica atinge principalmente mulheres jovens até os 30 anos, e acaba afetando o funcionamento do órgão.
Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento e pode entrar em remissão.
A expectativa de vida é de 80% após o tratamento e se iguala à da população da mesma região, idade e sexo.
Qual é a causa da hepatite autoimune
Diferente das hepatites causadas por vírus, como a C e a B, por exemplo, na hepatite autoimune não é possível saber exatamente o que levou o sistema imunológico a atacar as células do fígado.
As causas das doenças autoimunes ainda são incertas, mas acredita-se que há uma base genética para que ela aconteça junto a um gatilho ambiental, que pode ir desde uma infecção a um medicamento que desencadeia essa resposta inflamatória.
Sintomas da hepatite autoimune
Os sintomas costumam variar de acordo com o avanço da doença, sendo que algumas pessoas costumam ser assintomáticas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), cerca de metade dos pacientes estudados em pesquisa, apresentou quadro de icterícia, quando a pele e os olhos adquirem um aspecto amarelado.
Em 30 a 40%, a doença se apresenta de forma aguda, adquirindo aspecto de hepatite viral ou tóxico-medicamentosa.
Outros sintomas que podem surgir com a doença são:
- fadiga (cansaço);
- perda de apetite, náuseas e vômito;
- dor abdominal, muscular e nas costas;
- febre;
- fezes de cor clara (acolia) e urina escura (colúria);
- coceira no corpo.
De acordo com a SBH, as formas assintomáticas não são tão frequentes e costumam ocorrer entre 15 a 20%.
– O que a hepatite autoimune pode causar?
Quando não tratada, pode levar ao desenvolvimento de fibrose no fígado.
A fibrose (ou cicatriz) vai surgindo de forma gradual e dividida grosseiramente em 4 estágios, sendo o estágio 4 o da cirrose. Na cirrose, o órgão está com muitas cicatrizes, o que pode atrapalhar e reduzir o funcionamento do fígado.
Com o tempo, o quadro pode evoluir para insuficiência hepática e até câncer de fígado.
Geralmente, é uma doença de desenvolvimento lento que pode levar de semanas a meses. Entretanto, nos casos de hepatite fulminante, pode evoluir de forma rápida e muito perigosa.
Além disso, pessoas que têm esse tipo de hepatite devem ficar atentas, pois podem acabar desenvolvendo outras doenças autoimunes, como na tireóide, por exemplo.
Outras complicações que podem acontecer são a ascite (acúmulo de líquido no abdômen) e a encefalopatia hepática.
Mas vale lembrar que os casos que evoluem para o aspecto mais grave da doença são minoria. A maior parte das pessoas consegue realizar o tratamento e conviver de forma saudável com o quadro ao longo da vida.
Como é o diagnóstico da hepatite autoimune
A elevação de enzimas hepáticas em exames, como as transaminases TGO ou AST e a TGP ou ALT, leva o médico a fazer uma investigação do que pode estar causando.
O profissional pode solicitar a sorologia para os vírus da hepatite A, B e C, para descartar essas opções e também vai investigar, junto ao paciente, sobre o seu estilo de vida e possível inflamação por excesso de álcool e medicamentos , por exemplo.
No caso da inflamação do fígado autoimune, é possível encontrar a circulação de anticorpos, como o fator anti-nuclear, o anti-músculo liso e o anti-LKM1, que são alguns dos principais.
Ao todo existem mais de 20 anticorpos que podem estar ocasionando o quadro. O médico vai realizar, então, uma dosagem de imunoglobulinas e anticorpos antes do diagnóstico.
E, por fim, um dos principais exames da hepatite autoimune é a biópsia, no qual se analisa uma amostra do tecido do paciente.
Confira um vídeo da Dra. Raquel sobre o assunto:
Como é o tratamento da hepatite autoimune?
O tratamento da doença consiste em reduzir a imunidade do indivíduo, para que o organismo pare de produzir os autoanticorpos.
Em geral, o período mínimo de tratamento com a medicação é de dois anos, até que a doença entre em remissão.
Por isso, apesar de não haver cura, se o tratamento for feito de forma adequada, é possível suspender a medicação – sempre seguindo as recomendações do médico – e continuar com acompanhamento do hepatologista.
Os principais medicamentos utilizados são os corticóides, como a Prednisona e Prednisolona, em conjunto com imunossupressores, como a Azatioprina.
Também é importante avaliar a possibilidade de usar Budesonida oral, se for necessário utilizar a medicação por muito tempo, pois há menos efeitos colaterais, especialmente em pacientes que não estão com a doença muito avançada.
Grande parte dos pacientes responde bem ao tratamento e estabelecem a função normal do fígado em alguns meses. Neste caso considera-se que a doença entra em remissão.
Se o paciente não responder a essas medicações, é possível aplicar outras linhas de tratamento.
Vale lembrar, que jamais se deve suspender a medicação por conta própria, com o risco de a doença evoluir para hepatite aguda e causar falência hepática em pouco tempo.
O médico vai avaliar, de acordo com a necessidade de cada paciente, se é possível parar de tomar a medicação ou se vai ser necessário tomar por toda a vida.
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Conclusão
A hepatite autoimune é uma doença que ocorre devido ao ataque do próprio sistema de defesa do corpo às células do fígado.
Ou seja, diferente das hepatites virais, essa ocorre dentro do próprio organismo e não é causada por agentes externos.
A boa notícia é que a doença tem tratamento podendo ocasionar a remissão da doença.
Para quem descobre a doença, o mais importante é fazer o acompanhamento médico por toda a vida e seguir as recomendações da equipe médica.
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