Você já ouviu falar sobre a colangite biliar primária?
A doença é rara, pouco conhecida e se caracteriza por ser autoimune, na qual o próprio sistema imunológico ataca as células boas do fígado.
Aos poucos o fígado vai perdendo a função hepática e deixa de funcionar corretamente.
Ela afeta, principalmente, pessoas do sexo feminino na proporção de 5 mulheres para cada homem. Mas sua proporção pode variar conforme a região do mundo.
Quer saber mais sobre a doença e descobrir se a colangite biliar primária tem cura?
Então acompanhe mais informações a seguir!
O que é a colangite biliar primária?
A colangite biliar primária é uma doença que causa inflamação nos ductos biliares do fígado e se caracteriza por ser crônica, progressiva e autoimune.
O ducto biliar é um tubo responsável por mover a bile e ajuda a digerir as gorduras dos alimentos.
Quando afetado pela doença, ocorre a formação de fibrose nesses dutos, que é como se fossem cicatrizes.
Justamente por isso essa doença era chamada de cirrose biliar primária, já que a formação de fibrose é uma característica comum tanto à cirrose quanto ao que chamamos hoje de colangite biliar.
Quando a inflamação causa danos aos ductos biliares o fluxo da bile também é afetado, o que causa inflamação também das células hepáticas.
À medida que o fígado vai tentando reparar essa inflamação, se desenvolve fibrose, que pode levar à cirrose.
Qual a causa da colangite biliar primária?
Sabe-se que a colangite biliar primária possui causas hereditárias, porém isso não é tudo.
É a união desses genes com outros fatores ainda não descobertos que podem gerar a doença.
Pode ser um gatilho inicial como um medicamento, uma infecção ou outros fatores que podem iniciar o desenvolvimento da doença, mas ainda não há confirmações claras sobre o assunto.
Como é uma doença autoimune, o corpo passa a produzir anticorpos que, aos poucos, realizam a destruição dos ductos biliares.
– Principais fatores de risco
Pessoas que já possuem doenças autoimunes, como artrite reumatoide, esclerodermia, tireoidite autoimune e síndrome de Sjögren podem desenvolver a colangite biliar.
Entretanto, outros fatores de risco, como a já citada predisposição genética também podem ser um fator de risco.
A doença afeta em sua maior parte mulheres de meia idade, isto é, que estão passando pela menopausa ou que já saíram dela.
Segundo a portaria conjunta de SCTIE/SAES/MS de número 11, de setembro de 2019, a proporção de mulheres afetadas é 10:1. Ou seja, a cada 10 mulheres, 1 delas é acometida pela doença.
Notou-se também que a doença é mais comum no norte da Europa, o que especula-se que pode ocorrer devido a fatores climáticos.
Neste vídeo, eu falo mais sobre o assunto. Confira!
Quais os sintomas da colangite biliar primária?
No início, a colangite biliar primária é assintomática. Se houver sintomas, é provável que eles aconteçam em um estágio mais avançado da doença.
Um dos principais deles é o prurido, isto é, uma coceira intensa que pode começar nas palmas das mãos e dos pés, mas também se espalhar para todo o corpo.
Outros sintomas da colangite biliar primária que podem surgir com o tempo são:
- fadiga intensa;
- deficiência de vitaminas A, D, E e K;
- manchas escuras na pele;
- olhos e boca seca;
- xantelasma – pequenos depósitos de gordura acumulada embaixo da na pele, principalmente ao redor dos olhos;
- icterícia;
- ascite.
A deficiência de vitaminas pode ocasionar o desenvolvimento de determinadas doenças e condições, como a osteoporose e a ocorrência de hematomas e sangramentos.
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Diagnóstico da colangite biliar primária
O marco do diagnóstico em portadores de colangite biliar primária é a identificação de um anticorpo chamado de anti-mitôcondria.
Isso porque ele está presente em mais de 90% dos casos da doença.
Mas como a doença é silenciosa, geralmente ela é identificada em um exame de sangue de rotina.
O médico pode suspeitar da doença, principalmente em mulheres de meia idade, as quais têm mais chance de desenvolver o quadro.
Se houver suspeita, podem ser solicitados:
- testes de função hepática;
- exames de sangue para identificação de fosfatase alcalina ou GGT.;
- exames de imagem, como ressonância magnética e ultrassonografia;
- biópsia.
Os exames de imagem vão identificar se há obstrução dos dutos biliares do fígado.
Já os exames de sangue vão identificar a presença de anticorpos anti-mitocondriais, avaliar o grau de inflamação hepática e estimar a função hepática.
O diagnóstico de colangite biliar primária pode ser firmado sem a necessidade de biópsia hepática, reservando-se a biópsia apenas para os casos duvidosos.
Quais são as possíveis complicações da colangite biliar primária?
As complicações são preocupantes e envolvem cirrose e câncer nos casos mais graves.
Veja uma lista com as principais complicações da doença:
- varizes esofágicas e/ou gástricas – ocorre quando a doença afeta o fluxo de sangue na veia porta;
- câncer de fígado;
- cirrose
- encefalopatia hepática – podem surgir no paciente que já tem cirrose, a partir do momento que o sangue não é filtrado corretamente pelo fígado e as toxinas são liberadas na corrente sanguínea;
Como é o tratamento para a colangite biliar primária?
A colangite biliar primária não tem cura, mas possui tratamento que pode retardar a progressão da doença.
Apesar de ser uma doença auto-imune, o seu tratamento em geral não inclui agentes imunossupressores. O tratamento inicial consiste no uso do ácido ursodeoxicólico ou ursodiol, que deve ser iniciado o mais cedo possível pois retarda a progressão da doença e melhora o prognóstico e a sobrevida.
Outros pontos a serem tratados são as complicações da doença, como a coceira, que pode ser tratada com colestiramina, bezafibrato, rifampicina, entre outros.
A alimentação na colangite biliar primária também deve ser um ponto de atenção, pois pode ajudar na redução da fadiga.
Entretanto, é importante deixar claro que quanto mais tarde for feito o diagnóstico da doença, em termos de idade, maior é o impacto na qualidade de vida do paciente.
Pacientes em estágio avançado da doença podem necessitar de transplante hepático.
Fazer os exames de rotina e ter acompanhamento médico é sempre muito importante para o diagnóstico precoce da colangite biliar primária e também de outras doenças hepáticas que podem ser silenciosas.
Em casos mais graves, o transplante de fígado pode ser necessário.
Se necessário, agende a sua consulta!
Conclusão
A colangite biliar primária é uma doença grave que afeta os ductos biliares do fígado, podendo causar complicações como câncer e cirrose.
Por ser uma doença silenciosa, geralmente é diagnosticada em exames de sangue de rotina.
Mulheres de meia idade são as mais afetadas e por isso devem consultar sempre o seu médico, fazer os exames de rotina e ficar atenta a quaisquer alterações.
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