Doença hepática. O que essas palavras dizem para você?
Muitas pessoas associam o termo diretamente às hepatites virais. No entanto, ele é mais abrangente que isso.
Essas enfermidades requerem muito cuidado e atenção, pois o fígado é um dos nossos órgãos vitais, responsável por diversas funções.
E como a informação é sempre uma importante forma de prevenção, neste artigo você vai conferir as principais informações sobre as doenças hepáticas. Boa leitura!
O que são doenças hepáticas?
São classificadas como hepáticas as doenças que afetam o funcionamento correto do fígado.
O fígado é responsável por mais de 200 funções no corpo, entre elas filtrar microrganismos, armazenar glicose e realizar o processo de desintoxicação do organismo.
Por esta razão, qualquer doença hepática precisa ser tratada o mais cedo possível. Dessa forma é possível evitar o progresso da anomalia, danos permanentes ao órgão e, em casos mais graves, o óbito do paciente.
Quais são as principais doenças hepáticas e suas causas?
Existem diversas doenças hepáticas. Veja a seguir quais as mais comuns e suas respectivas causas.
Hepatites
As hepatites virais mais frequentes são classificadas em A, B, C, D e E e se tratam de um grave problema de saúde pública para o Brasil e o mundo.
Entre os brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde, é mais comum a ocorrência de hepatite causada pelos vírus A, B e C. Ainda circula com menor intensidade a hepatite tipo D, sendo mais comum na Região Norte.
Em relação à hepatite tipo E, apesar de até há pouco tempo atrás se acreditar que era mais comum no continente africano e asiático, recentemente, foram identificados outros genótipos do vírus E, os quais possuem ampla distribuição em todos continentes.
Hepatite A
No caso da hepatite tipo A, a infecção é contraída por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados.
Hepatite B
O vírus da hepatite B apresenta três principais formas de contágio:
- Vertical (transmissão de mãe para filho na gestação ou período pré-parto);
- Parenteral (transmissão através de sangue contaminado com o vírus);
- Sexual, sendo portanto também classificada como uma Doença Sexualmente Transmissível (DST).
Hepatite C
A hepatite C é transmitida principalmente através do contato com sangue contaminado, apesar da transmissão vertical e sexual também ser possível.
Hepatite D
Consiste em uma enfermidade crônica, que só ocorre em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B.
Imagine que, em uma situação hipotética, uma manicure atende uma cliente que possui hepatite B, a fere durante o atendimento e não faz a esterilização correta do material contaminado.
Na sequência ela atende uma cliente também portadora da hepatite B e realiza os procedimentos com o equipamento contaminado. Neste cenário é possível que a hepatite D se desenvolva.
Hepatite E
A hepatite E resulta da infecção pelo vírus da hepatite E (VHE), que foi isolado em 1988, e é transmitido através da água e de alimentos contaminados com matéria fecal.
Nosso conhecimento sobre hepatite E tem mudado completamente nos últimos 10 anos.
Hoje, conhecemos 8 genótipos deste vírus, com quadros clínicos diferentes e sabemos que a hepatite E é endêmica na maioria dos países em desenvolvimento, sendo basicamente uma infecção zoonótica (que é aquela que transmitida por animais) – neste caso, o porco.
Cirrose
A cirrose hepática é o resultado final de anos de agressões ao fígado, o que provoca a substituição do tecido normal por nódulos e tecido fibroso.
No fundo, a cirrose nada mais é do que a cicatrização do fígado. Onde deveria haver tecido funcionante, há apenas fibrose (que é o termo médico para cicatriz).
O fígado executa muitas funções essenciais à vida, como produção de proteínas, a metabolização de toxinas, a síntese de fatores da coagulação, e o armazenamento de ferro e vitaminas.
A maioria das pessoas já escutaram que o fígado é o órgão do corpo humano com maior capacidade de regeneração. Mas esta afirmativa é válida apenas para agressões agudas, como trauma.
No entanto, se o dano ocorrer de forma persistente ao longo de vários anos, o processo de reparação passa a envolver a criação de cicatriz, o que atrapalha o funcionamento do fígado.
Os principais agentes que causam cirrose são o consumo crônico e abusivo de álcool, as hepatites virais e a gordura do fígado.
Esteatose hepática
Este é o nome científico da conhecida “gordura no fígado”, que atualmente é uma das principais causas de doença hepática.
Ela pode levar a inflamação hepática, chamada de esteatohepatite, e esta pode ocasionar cirrose e câncer de fígado.
Ela pode ser ocasionada pelo consumo frequente de bebidas alcoólicas e/ou acúmulo de gordura corporal, que está associada aos seguintes fatores:
- Alimentação ruim (excesso de carboidratos ; alto consumo de produtos industrializados e ricos em gorduras saturadas)
- Colesterol alto;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Diabetes;
- Mudanças rápidas de peso corporal;
Acredita-se que a esteatohepatite afeta cerca de 10% da população adulta em países desenvolvidos, e o aumento previsto na sua prevalência pode ser atribuído em grande parte à epidemia de diabetes e obesidade, que deverá crescer ainda mais nas próximas décadas.
Câncer de fígado
O câncer de fígado é uma doença hepática que consiste no surgimento de um tumor maligno da estrutura do órgão. Todavia, o adoecimento é classificado em dois tipos principais: primário e secundário.
Quando dizemos que o tumor é primário significa que o câncer surgiu e se desenvolveu primeiro no fígado. Geralmente, os tumores primários de fígado, especialmente o carcinoma hepatocelular, surgem em fígado com cirrose ou fibrose mais avançada.
Porém, é mais comum que o câncer encontrado no fígado tenha começado em outra parte do corpo e tenha passado pelo processo de metástase. Nesses casos, o tratamento é focado no local primário.
Quais são os sintomas das doenças hepáticas?
É importante ressaltar que as doenças crônicas do fígado costumam ser assintomáticas em estágio inicial, ocasionando sintomas específicos quando a doença se torna mais avançada e já ocorre perda da função do órgão.
Apesar de muitas pessoas acreditarem que dor de cabeça, náuseas e vômitos associados ao consumo de alimentos gordurosos sejam sintomas de doenças hepáticas, saiba que doenças do fígado não causam essas reações.
As hepatites agudas apresentam sintomas bem similares entre si, independente do fator causal, sendo a icterícia ( pele e olhos amarelados), o mais facilmente identificado.
Já os pacientes com cirrose apresentam sintomas apenas quando o fígado já demonstra sinais de falência de suas funções. Sintomas de cirrose avançada incluem:
- Icterícia;
- Aumento do volume abdominal (ascite);
- Sangramentos digestivos e vômito hemorrágico;
- Letargia, irritabilidade, dificuldade para manter a concentração e coma (encefalopatia hepática);
- Desenvolvimento de mamas nos homens (ginecomastia).
Essas alterações precisam ser acompanhadas de perto por um profissional médico e submetidas a exames para diagnóstico.
Como as doenças hepáticas são diagnosticadas?
Sempre que existir a suspeita de doença hepática, é preciso correr para realizar o diagnóstico. Podem ser solicitados exames de imagem, laboratoriais e biópsias para constatar ou não a existência de alguma alteração no fígado.
Elastografia hepática
Entre os exames realizados para detectar doenças hepáticas está a elastografia. Este é um método de imagem não invasivo e que permite avaliar o grau de fibrose no fígado.
Além disso, o exame também pode ser usado para avaliar a resposta do paciente ao tratamento ministrado.
É possível prevenir doenças hepáticas?
A melhor forma de prevenir uma doença hepática é mudar os hábitos e adotar um estilo de vida mais saudável.
Aderir a alimentos naturais, praticar exercícios físicos de forma regular, controlar o peso corporal, evitar os alimentos gordurosos e ultraprocessados, e não consumir bebidas alcoólicas de forma frequente são passos importantes para a prevenção.
Outras medidas importantes essenciais incluem a vacinação para hepatite A e B, além de não usar medicamentos sem prescrição médica.
Quais são os tratamentos indicados para doenças hepáticas?
Não existe uma recomendação universal para tratamento de doenças hepáticas. O objetivo da terapia é retirar ou tratar o fator causal.
A abstenção alcoólica, entretanto, é recomendada para todos os pacientes que possuem doenças no fígado.
O hepatologista é o médico mais qualificado para prescrever o tratamento.
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Conclusão
Como você viu, é preciso estar atento ao surgimento de uma doença hepática e procurar auxílio médico assim que algum sintoma for detectado.
Uma intervenção rápida pode ser a diferença entre a cura ou avanço da doença. Portanto, não deixe para depois e realize exames preventivos e, claro, invista em um estilo de vida mais saudável.